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O propósito de instituir a Hora de Verão é promover uma melhor utilização da luz do dia, levando a uma poupança de energia. Este procedimento leva as pessoas a levantarem-se uma hora mais cedo, aproveitando assim as primeiras horas após o nascer do sol, em que de outra forma estariam ainda a dormir. Da mesma forma, à noite após o pôr-do-sol, as populações passam em média a deitar-se uma hora mais cedo, poupando-se assim uma quantidade significativa de energia elétrica.

Uma das primeiras pessoas a chamar a atenção para esta questão foi o cientista, inventor e político americano, Benjamim Franklin, no seu ensaio chamado “Um projeto económico para diminuir o custo da luz”, enviado ao editor do Jornal de Paris em 1784. No ensaio, ele sugeriu, como brincadeira, que os parisienses poderiam economizar o uso de velas, levantando-se mais cedo pela manhã, usando a luz natural. A primeira proposta concreta, nos tempos modernos foi a do cientista neo-zelandês George Hudson, que propôs que se adiantassem os relógios de 2 horas em outubro e que se atrasassem também de 2 horas em março. Esta proposta é semelhante ao que se faz hoje em dia, com a exceção de a variação atual ser apenas de 1 hora, no entanto não foi na altura implementada. Note-se ainda que nesta proposta o relógio adianta em outubro em vez de atrasar, porque se refere ao hemisfério Sul. Uma outra proposta curiosa foi a do britânico William Willett em que se propunha um atraso ou adiantamento progressivo dos relógios. Ou seja, durante o mês de abril os relógios seriam adiantados de 20 minutos em cada Domingo, resultando numa Hora de Verão de 1h e 20 minutos, entre final de abril e inicio de setembro, altura em que os relógios começariam a atrasar progressivamente.

No entanto, a primeira implementação oficial da Hora de Verão veio apenas a acontecer há exatamente 1 século, em 1916, motivada pela Primeira Guerra Mundial. Foi a Alemanha o primeiro país a introduzir a Hora de Verão, em 30 de abril de 1916, adiantando os relógios de 1 hora, como tentativa de minimizar o uso de iluminação artificial a fim de economizar combustível para o esforço da guerra. A ideia foi rapidamente seguida pelo Reino Unido e muitos outros países, incluindo Portugal. Após o final da guerra, a Hora de Verão continuou grosso-modo a ser implementada em Portugal até hoje, embora de forma algo irregular já que houve alguns anos em que não foi implementada (1922, 1923, 1925, 1930 e 1933), anos em que se manteve a Hora de Verão durante todo o ano, e ainda anos em que a alteração foi feita por várias vezes no ano chegando a ter um adiantamento de 2 horas. Nesta tabela encontra todos detalhes sobre a Hora de Verão em Portugal ano a ano nos últimos 100 anos, desde 1916 até 2016.

Com o final da Primeira Guerra Mundial, e ao contrário de Portugal, muitos países deixaram de implementar a Hora de Verão, só a tornando a implementar durante a Segunda Guerra Mundial. Nestes tempos de exceção foram também tomadas medidas de exceção em relação à Hora de Verão. Em 1942, nos Estados Unidos, o presidente Franklin Roosevelt instituiu a Hora de Verão durante todo o ano, o que é equivalente a mudar de fuso horário e não implementar Hora de Verão. Esta situação manteve-se até ao final da guerra. Já o Reino Unido optou, durante a guerra, por uma Hora de Verão dupla, ou seja, os relógios eram adiantados 2 horas no Verão e 1 hora no Inverno, o que é equivalente a mudar de fuso horário e implementar Hora de Verão. Também a Espanha em 1942 implementou o mesmo procedimento do Reino Unido, mas que mantém até hoje. Eis a razão da Espanha estar no fuso horário +1 e não no GMT como Portugal, onde pertence geograficamente, o que é parcialmente responsável pelos horários tardios que se verificam nesse país.

Depois da Segunda Guerra Mundial tem havido por todo o mundo discussões recorrentes sobre as vantagens e desvantagens em adotar a Hora de Verão. O facto de a mudança não ser feita em simultâneo leva a dificuldades de comunicação e transportes, por outro lado uma mudança simultânea sem levar em consideração as diferentes latitudes, faz com que em alguns locais a Hora de Verão se prolongue para semanas em que a duração da luz do dia já é pequena. No entanto, os efeitos na poupança energética são em geral significativos. Por exemplo a adoção da Hora de Verão nos Estados Unidos durante a crise do petróleo de 1973 levou a uma poupança de energia equivalente a 10000 barris de petróleo por dia.

Atualmente cerca de 70 países implementam a Hora de Verão, afetando mais de mil milhões de pessoas por ano. A imagem seguinte mostra os países que implementam a Hora de Verão. Note-se que próximo do Equador não há necessidade de adoptar a Hora de Verão pois a duração do dia varia pouco ao longo do ano. Note-se também que nalguns países nem todas as regiões implementam a mudança da hora.

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Azul – Adota Hora de Verão (Hemisfério Norte) ; Laranja – Adota Hora de Verão (Hemisfério Sul) ; Cinzento Claro – Já adotou Hora de Verão no passado ; Cinzento Escuro – Nunca adotou Hora de Verão

As datas de mudança da hora em geral variam de um país para outro. Em 1996, a União Europeia (UE), através da Comissão da Hora, decidiu padronizar a hora de Verão entre os Estados membros. Deste modo, todos os países da União Europeia (e por arrasto os restantes países europeus com algumas excepções como a Islândia e a Rússia) concordaram em implementar a hora de Verão e acordaram nas datas da mudança. A convenção é de avançar os relógios de 60 minutos quando forem 01:00 horas UTC do último domingo de março e atrasar os relógios de 60 minutos quando forem 01:00 horas UTC do último domingo de outubro. Note-se que o facto de se ter escolhido 01:00 UTC para instante de mudança e não as 00:00 horas é para evitar que haja lugar a uma mudança de data. Em resumo, como Portugal continental está no fuso 0, a mudança para a Hora de Verão ocorre sempre à 1 da manhã do último domingo de março (adiantando para as 02:00) e o fim da Hora de Verão ocorre sempre às 2 da manhã do último domingo de outubro (atrasando para a 01:00).