Após 7 meses de viagem a sonda europeia Schiaparelli pousa hoje, 19 de outubro de 2016, em Marte. A missão “ExoMars 2016” é constituída por várias missões numa só e tem duas componentes principais: a sonda orbital TGO (Trace Gas Orbiter) e o módulo Schiaparelli que vai pousar. A missão é uma colaboração das agências espaciais europeia (ESA), russa (Roscosmos) e o programa de exploração robótica de Marte.

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No dia 19-out-2016 a sonda Trace Gas Orbiter ligou os propulsores e entrou em órbita controlada, em Marte. Serve para analisar as abundância de metano e outros gases atmosféricos que possam estar relacionados com actividade biológica e geológica neste planeta. Imagem da ESA

 

A sonda europeia e russa TGO  estará em órbita à volta do planeta vermelho numa missão científica e também de retransmissão dos dados de Schiaparelli. A TGO irá procurar evidências de gases, como o metano na atmosfera de Marte, que poderão ser associados a processos geológicos e também a processos biológicos que poderão indicar a presença de alguma forma de vida presente no planeta. Só começará a trabalhar nestes objetivos no início de 2018.

O módulo Schiaparelli, batizado em honra do astrónomo italiano do século XIX, poisará na superfície e é uma tecnologia de demonstração para testar tecnologias-chave para futuras missões a Marte. O local de pouso é uma região plana perto do equador com cerca de 100 km de comprimento e 15 km de largura na área Meridiani Planum. É uma zona relativamente lisa já bem estudada pelo rover Opportunity da NASA e desde 2003 é sobrevoada pela sonda Mars Express da ESA. Esta sonda também atuará como retransmissora dos dados da Schiaparelli.

A ExoMars 2016 é uma missão muito importante para a Europa, que quer provar que também domina esta ciência e tecnologia, pois até agora só os Estados Unidos conseguiram fazer pousar com sucesso um rover em Marte. É a segunda vez que a Europa tenta pousar uma sonda em Marte, a primeira aconteceu há 13 anos atrás, quando a sonda orbital europeia Mars Express tentou pousar o módulo Beagle 2, que nunca deu sinal de vida.

Em 2020, a Europa e a Rússia enviarão para Marte um rover maior que beneficiará da evolução tecnológica da Schiaparelli e realizará perfurações no solo a fim de procurar vestígios de vida bacteriana passada.

É de destacar que as proteções térmicas do módulo Schiaparelli foram desenvolvidas e produzidas em Portugal, pela empresa HPS Lda.

Operações de aterragem: o diagrama mostra as várias fases do processo, que terá a duração de cerca de 6 minutos.

O diagrama mostra as manobras orbitais, a aero-travagem (que a ESA usará pela primeira vez em Marte) e o pouso da Schiaparelli. Imagem da ESA

O diagrama mostra as manobras orbitais, a aero-travagem (que a ESA usará pela primeira vez em Marte) e o pouso da Schiaparelli. Imagem da ESA

Atualização 1 (20/10): As fases de órbita de inserção e de descida na atmosfera marciana correram bem. No entanto perdeu-se a comunicação com o módulo Schiaparelli cerca de 50 segundos antes do instante previsto de ’touchdown’. Não houve contatos posteriores e não há ainda confirmação de que a Schiaparelli esteja em boas condições, o que se aguarda a todo o momento. A sua localização atual é desconhecida.

Atualização 2 (22/10): O Schiaparelli despenhou-se em Marte, consulte aqui para obter mais informação.