Ceres: o 1º planeta anão visitado
Ceres foi descoberto em 1801 pelo astrónomo siciliano (padre) Giuseppe Piazzi e classificado como planeta. Após a descoberta de outros corpos celeste que gravitam o sol entre as órbitas de Marte e Júpiter ficaram categorizados como asteróides ou planetas menores, incluíndo Ceres que aí se encontra. A Assembleia Geral de 2006 da União Astronómica Internacional criou a nova categoria de “planeta anão”, que inclui corpos de forma esférica mas que partilham a zona orbital com outros. Plutão e Eris incluem-se aqui, mas também Ceres que contribui com 1/3 da massa total na cintura de asteróides, nos seus 960 km de diâmetro.
Após ter passado 7,5 anos a viajar no espaço e estudado o asteróide Vesta (com 285 km por 229 km) em 2011, a sonda DAWN da NASA iniciou a órbita em torno de Ceres a 6 de Março de 2015. A sonda usa três propulsores iónicos (um de reserva) direccionáveis em dois eixos, o que permite guiá-la na trajectória pretendida. É a primeira vez na história que se usa este sistema, que é dez vezes mais eficiente do que os motores de combustão: os iões de xenon são acelerados entre duas grelhas de alta tensão e ejectados para o espaço a altíssima velocidade, o que empurra a sonda para a frente. O empuxo é pequeno mas com os 450 kg de xenon e 5 anos a funcionar continuamente, a velocidade da DAWN atingiu os 38.600 km/h, o que permitiria fazer a viagem Terra-Lua em apenas 10 horas. Esta é a tecnologia para futuras e longas viagens.
Apesar de ter uma composição de asteróide carbonáceo, a superfície indica a presença de minerais hidratados, carbonatos e argilas ferrosas. Gelo de água não é observado à superfície mas uma densidade média de apenas 2,1 g/cm3 sugere a presença de vastas quantidades de água no subsolo e internamente. A proximidade ao sol torna este gelo mais quente do que se encontrava nas luas geladas dos planetas gigantes. Assim, tendo havido convecção interna entre o núcleo rochoso e a camada gelada debaixo da superfície, explicaria alguma morfologia e falhas agora observadas. Testar esta hipótese é um dos objectivos científicos.
Em 1992 A’Hearn e Feldman detectaram vapor de água no limbo de Ceres, provavelmente resultado de sublimação da sub-camada polar. Em 2014 o telescópio Herschel detectou novamente a sua presença, emitido duma zona com longitude que inclui a dos dois pontos brilhantes, de reflectividade própria de gelos ou sais. Ao estarem numa cratera de impacto (92 km de diâmetro) é provável que o aquecimento assim gerado tenha trazido à superfície água da sub-camada, eventualmente rica em sais provenientes da convecção inicial e do contacto com o núcleo rochoso. O estudo detalhado de Ceres começou!
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