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As missões espaciais anteriores ao Halley e ao Wild 2 foram de passagem próxima, mas em Janeiro de 2005 a NASA lançou a sonda Deep Impact para chocar a 4 de Julho com o núcleo do cometa Temple 1 (9P/Tempel), de modo a ejectar material e poder analisá-lo.

Porquê esta missão? o Temple 1 está numa órbita entre o Sol e Júpiter com período de apenas 5,5 anos, o que provoca a perda acelerada dos componentes voláteis por sublimação nos milhares de passagens periélicas, tornando-o menos activo. Este efeito pode criar uma superfície mais rica em poeira e bem diferenciada do interior, ou seja, um casulo que pode rodear os gelos mais voláteis do núcleo. Pretendia-se estudar se os cometas seguem este modelo ou simplesmente vão libertando o gás e a poeira para o espaço até se desfazerem.

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O material ejectado pelo impactor – feito de 370 kg de cobre e com uma velocidade relativa de 10,3 km/s – no núcleo do Tempel 1 cavou uma cratera de impacto na superfície, mas a riqueza em poeira produziu uma nuvem que a obscureceu. Só com as fotografias obtidas pela sonda Stardust em 2007, desviada para analisar o Tempel 1, se determinou que a cratera tinha 150 metros de diâmetro. A análise do satélite Swift (raios X) mostrou que a ejecção de material durou cerca de 13 dias, num total de 5000 toneladas de água e quase 25000 toneladas de poeira libertada.

A maior quantidade de poeira, que foi descrita como sendo mais do tipo “pó talco” do que grãos de areia, rejeitou a hipótese de núcleos cometários como sendo uma agregação fraca de poeiras com gelo. A espectroscopia do impacto mostrou a presença de materiais tipo barro, carbonatos, sódio e cristais silicatados. A presença de barros é indicativa de água e o impacto libertou-a em quantidade, da zona abaixo de 1 metro da superfície. A densidade média no núcleo é de apenas 0,62 g/cm^3, que associada à presença de voláteis como o etanol, que requerem baixas temperaturas de solidificação, levou à hipótese deste cometa ter sido formado nas zonas de Úrano e Neptuno.